Feriado no Litoral Paulista

Vivemos na praia, mas sempre estamos curiosos para conhecer novas paisagens. Aqui no Sul as praias catarinenses são as mais procuradas, porém partimos para as praias paulistas – encarando o paradoxo selva de concreto versus mata preservada de São Paulo. Conhecer o litoral que está entre os mais belos do país, com destaque para Maresias e Ilhabela.

Surpreendemo-nos descobrindo um lindo litoral, pouco comentando pelas agências de turismo que sempre enfatizam o Rio de Janeiro e a região do nordeste. Precisando de apenas uma parada para abastecer, em 10 horas, fizemos o trajeto Itajaí/SC-Guarujá/SC- caminho margeando a Serra do Mar, com muitas curvas e vegetação.

O litoral Paulista sul onde se concentram as praias mais povoadas, enquanto no litoral norte estão as praias mais tranquilas, com faixas de areia largas, mar esverdeado com ondas e muita natureza ao redor.

O Agito do Litoral Sul Paulista

Chegamos ao final da tarde em Santos, bem no dia em que ouve o incêndio nos tanques de combustível em área industrial, com a fumaça negra que perduraram alguns dias. Conhecida por sua zona portuária, no caminho para o Guarujá, atravessamos todos os 7 km de jardins e parques na linda orla da cidade, muito usada pela população que pratica esportes na orla. Fizemos a travessia de balsa Santos – Guarujá, com saída na praça Gago Coutinho, 24 horas por dia, no preço de R$ 10,60 por automóvel.

Em Guarujá, já entardecendo, fomos direto para o camping que havíamos encontrado na internet, na Pousada e Camping Ecológico, foi uma furada, chegamos à noite e não havia praticamente nenhuma estrutura e muito mosquito. Nem sempre tudo na viagem dá certo, mas essa estadia foi uma das únicas coisas que não deram certo, mas faz parte, o resto superou, e muito.

Pela manhã acordamos, guardamos as coisas no carro e fomos conhecer o Guarujá (lembrando das músicas do Charlie Brown Jr). Fomos direto aos pontos turísticos, primeiramente a Praia do Tombo, e os três mirantes, o da Campinha, da Ponta das Galhetas e o do Morro da Caixa D’Água (esse último um pouco abandonado, mas as paisagens valem a pena).

Depois de conhecer o município, fomos sentido Bertioga, num trajeto de 44 quilômetros, precisamos atravessar com mais uma balsa, faz o trajeto Guarujá- Bertioga que funciona 24 horas por dia, R$10,60 por veículo. Fomos primeiramente para o Forte São João, a primeira fortaleza construída no país em 1547, passeio gratuito. É uma região bem desenvolvida, com centro comercial estruturado, mas há também a parte ecológica com várias trilhas, que pensamos em voltar numa futura viagem.

As belezas do Litoral Norte de São Paulo

Seguimos a estrada para a menor região de São Paulo, com menor área e população do litoral do estado e com a natureza mais abundante. Seguindo a sinuosa rodovia Rio-Santos a caminho de Maresias (ai caramba, não tem como não lembrar da música do Roberto Carlos que tocava no carro do meu pai “As curvas da estrada de Santos”). A ligação das praias com a rodovia só foi concluída em meados de 1980, aumentando os turistas na região, ainda bem que em época que já se pensa em preservar, permanecendo uma região tão verde.

A próxima etapa foi nas praias lindas de São Sebastião, com um centro histórico com casarios tombados desde 19670. A Vila de São Sebastião foi fundada em 1636, época em que cresceu a região com o porto de escoamento de ouro de Minas Gerais para Portugal.
São 36 praias em São Sebastião, dando destaque para Juquehy, Cambury, Maresias, Toque Toque, Camburizinho e Boiçucanga onde paramos para preparar nosso almoço.

Várias praias lindas, em que você pode fazer uma trip econômica que nem a nossa ou gastar horrores nas lindas pousadas e ótimos restaurantes, depende do tipo de viagem que você prefere! Da para ter uma boa noção delas num percurso de um dia por elas.
Juquehy (Juqueí, Juquey, Juquehi, sei lá, vi escrito de todas as formas…)com mar tranquilo no canto esquerdo da praia e boas ondas no outro, tem boa infraestrutura de restaurantes e pousadas na vila, parece ser uma boa opção para se hospedar. Um bom local para passeio em família. Barra do Una, 7km para o sul, tem o maior rio da região desembocando na praia formando uma porção de areia grossa banhada dos dois lados, vale o passeio.

Barra do Sahy para as famílias, já foi até eleita entre as 10 melhores no Brasil para se ficar com a família! Uma pequena comunidade, mas que tem aqueles vários guarda-sóis pela areia, a fila para banana boat e caiaques, criançada correndo de um lado pro outro, há quem procure.

Maresias é aquela praia dos sonhos, mar azul esverdeado, areia branquinha, água com temperatura boa e cercada por vegetação. O mar tem ondas perfeitas e tubulares, atraindo surfistas, havendo vários campeonatos da modalidade e baladas.

Relax: Paúba oposto de Maresias, sossegada com pescadores e famílias, com seu mar calmo, assim como Toque-Toque Grande e Pequeno. Toque-toque Pequeno uma vila de pescadores que já foi mencionada até pelo jornal The New York Times, por conseguir preservar sua história, sem ter sido transformada durante os anos. Juntamente com Toque-Toque Grande com mar cristalino e calmo e várias árvores fazendo sombra na areia, diferente do nome que remete grande, também é um vilarejo.

Depois de conhecermos algumas dessas praias, ficamos em São Sebastião no Camping Porongaba (http://www.porongaba.com.br/) foi uma aventura em tanto, para chegarmos tivemos que passar por um trecho que a rua foi completamente tomada por um riacho, perguntamos para algumas pessoas se estávamos no caminho certo, e elas confirmaram… Tivemos de passar com o nosso logan que não estava nem um pouco adaptado para este tipo de travessia. Conseguimos atravessar o riacho, mas toda hora com friozinho na barriga. Depois disso chegamos ao camping.

Valeu a pena a travessia! Piscina, espaço com boa infraestrutura, compramos algumas coisas em Maresias e curtimos a praia antes de voltarmos ao camping. Cobram R$30 por pessoa, fora da temporada. Fizemos a janta na cozinha do camping e logo fomos dormir. Noite tranquila depois de encher de repelente a pele! Na região do litoral paulista sempre está cheio de pernilongos!

Ao acordarmos fomos em direção Ilhabela, queríamos logo chegar à parte mais esperada da viagem!

Para Ilhabela, atravessamos a balsa que demora cerca de meia hora, partindo do porto em São Sebastião, que fica na Av. Antônio Januário do Nascimento, com balsas a cada 30 minutos, das 5h30 às 22h30, fora desse período com intervalos de uma hora (a travessia de carro comum paga R$ 15 durante a semana e R$ 22,50 nos finais de semana e feriados, além da taxa de conservação ambiental de R$6 por pessoa).

Com 41 praias, 300 cachoeiras em 130 quilômetros de orla. Com boa infraestrutura, a ilha é bastante conhecida pelos praticantes de esportes náuticos, por conta dos ventos fortes no canal entre a ilha e São Sebastião, sendo a capital nacional da vela. Uma dica é atravessar toda a ilha sentido norte-sul pela principal estrada da cidade, a SP-131, conhecendo várias praias em um mesmo dia.

Os preços das hospedagens estavam bem altos, mesmo fora da temporada, então optamos pelo Camping Canto Grande (http://www.cantogrande.com.br/), a estadia foi R$ 40 por pessoa + R$ 10 por diária de estacionamento. Foi muito bom, precisa reservar antes, é bem familiar com organização e limpeza. Mas o que se destaca é a localização de frente para a praia, com uma cachoeirinha do lado da barraca com barulho de água para dormir, recomendamos!

No primeiro dia na ilha, montamos nosso acampamento e fomos ao Parque Estadual de Ilhabela, criado em 1977, foi reconhecido pela UNESCO como Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, possui trilha que acompanha o percurso do córrego com algumas cachoeiras, a proximidade com a água possibilita a melhor visualização da fauna. É o caminho para a famosa praia de Castelhanos, porém para seguir caminho só com carro 4×4.

Na volta procuramos agências que faziam a travessia até a praia de Castelhanos, por R$ 70,00 por pessoa levam as pessoas para um passeio que dura um dia inteiro para uma praia em formato de coração. Também havia a opção para a praia do Bonete por barco, custava R$140,00 por pessoa, mas dependia de boa condição do tempo, preferimos ir só para Castelhanos.

Resolvido nosso percurso do próximo dia, fomos para a Vila, que é o centro histórico de Ilhabela, com maior movimento. Onde estão os principais restaurantes e famosa sorveteria Rocha. Jantamos na recomendada sanduicheira Borrachudo, porém não foi condizente com a propaganda, veio um lanche bem sem graça, e ficamos bem decepcionados com a indicação do guia quatro rodas.

No segundo dia em Ilhabela fomos para Castelhanos! Com saída pela manhã para o lado da ilha mais preservado, percorremos 22 km de estrada de chão com muitos buracos, com duração de uma hora. Fomos acreditando que seria totalmente deserta, mas até que tinha uma quantidade grande de barracas que vendiam comida na praia, pois há muitos carros 4×4 que levam os turistas.

Para ver realmente a praia com formato de coração tivemos que subir uma trilhinha um pouco escondida no canto direito da praia. Mas como o dia estava nublado não saiu aquele mar super azul que vimos nas fotos das agencias de viagens. Vale a pena o passeio!

Depois de visitar a praia, o jipe leva até o Museu Náutico de Ilhabela. Saímos do passeio e fomos para a Cachoeira da Toca. É um conjunto com um tobogã de pedra com água, ducha de 3 metros de altura, piscina natural, gruta, cobrando R$10 por pessoa. Tem uma infraestrutura com estacionamento, banheiros, e vende cachaça artesanal, com sabores de anis, cambuci, folha de tangerina, gengibre, maracujá. Divertida a visita, poderíamos ter ido mais cedo para aproveitar mais, pois fora de temporada funciona das 8h-17h, enquanto na temporada ate 20h.

Importante lembrar os borrachudos em Ilhabela, sempre estávamos passando repelente, por toda parte na ilha eles atacavam, ainda mais quando estávamos molhados.

No último dia na ilha, passamos na lanchonete Baepi, comemos cada um duas coxinhas delicias e fomos conhecer as praias da ilha, da parte virada para o continente. São muitas praias e lindas, teríamos que voltar e ficar mais uma semana!

Damos destaque para a Praia da Pedra do Sino (as pedras quando batidas fazem som de sino), Ilha das Cabras (linda, onde fazem bastante mergulho), Praia do Julião (acesso por trilha com deck de madeira, reservada e calma).

Indicamos muito essa viagem , principalmente fora da temporada, para evitar o transito! É uma boa oportunidade para desmistificar a imagem de São Paulo apenas como potência econômica, sendo uma metrópole e encarar suas paisagens naturais. A faixa litorânea próxima à Serra do Mar, com rica flora e fauna da Mata Atlântica é muito preservada por causa dos Parques Estaduais na região.

Existe amor em SP!

Para uma próxima viagem voltaríamos para Maresias e Ilhabela, estendendo a viagem para o Rio de Janeiro, com as praias de Paraty, Angra dos Reis, Ilha Grande, Cabo Frio e Búzios


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