Roteiro Chapada dos Veadeiros: como ir, quando ir e o que fazer

Um dos principais atrativos turísticos do estado de Goiás, no ponto mais alto do Planalto Central, na chapada há uma infinidade de cachoeiras, piscinas e paisagens de tirar o folego, dentro e no entorno do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros – listado como um Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO por ser uma região de preservação excepcional do Cerrado.

Como o turismo explorado recentemente, os atrativos ainda são pouco conhecidos e preservados. A economia da região por muitos anos era direcionada a mineração de quartzo (1912-1956), para abastecimento das indústrias eletro-eletrônicas, até países como Japão e Estados Unidos começarem a utilizar cristal artificial, entrando em declínio a extração. No contexto da criação de Brasília, surgiu o Parque em 1961, com intuito de preservar principalmente o entorno do Rio Preto, proibindo a atividade de garimpagem e forçando a comunidade a migrar para outras atividades, principalmente o turismo.

Além da natureza exuberante, é a Chapada dos Veadeiros é conhecida como um pólo esotérico “chákra cardíaco do planeta”, por estar sobre um grande bloco de cristal de quartzo e estar no paralelo 14 (mesma latitude e Machu Picchu). Espero com esse post ajudar a planejar o seu roteiro, com as principais dicas, qualquer dúvida é só comentar.

ONDE FICA?

O destino fica a cerca de 400 km de Goiânia e 230 km de Brasília.  A curiosidade é que a maior parte dos atrativos estão fora do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros. Muitos dos atrativos estão em propriedades particulares, em Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e São Jorge. É nesta última que fica o único acesso para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

COMO IR?

Avião: por mais que a Chapada dos Veadeiros fique no Estado de Goiás, o aeroporto mais próximo é o Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek, que recebe voos internacionais e nacionais partindo das principais capitais do país.

Ônibus: Há ônibus diários saindo de Brasília e Goiânia para a Chapada dos Veadeiros, para saber informações atualizadas de quais companhias e horários disponíveis, ligar para a rodoviária de Alto Paraíso (62) 3446-1359. Da rodoviária de Brasília até Alto Paraíso, são três horas de viagem.

De carro: Saindo da capital federal, a viagem de carro leva 3 h. Alugamos o carro antecipadamente pelo site e retiramos quando chegamos no aeroporto. Pegue a saída para Planaltina/DF (BR-020), rode 41 km e pegue o acesso para a BR-010/GO118 na direção de Alto Paraíso de Goiás, a estrada é boa. O caminho é pela GO-118, que está em bom estado de conservação e bem sinalizada em sua maior parte. Se puder, abasteça o carro em São João D’Aliança, já que o preço do combustível em Alto Paraíso é mais alto e em São Jorge não há postos de gasolina.

Não há transporte público eficiente entre os atrativos, o que levará você a encaixar em passeios em grupos (que nem sempre saem quando e para onde você quer ir) ou contratar guias com carro próprio, o que deve considerar dependendo do seu tempo disponível.

De carona e transporte compartilhado: a central de compartilhamento de transporte Conexão Chapada BSB tem uma página no Facebook em que caronas são combinadas (a taxa máxima para “ajuda na gasolina” é de R$ 35 por pessoa).

QUANDO IR?

A região receber turistas durante o ano inteiro. O ideal é se organizar para ir entre maio a setembro, no período da seca, quando as cachoeiras estão com águas mais limpas e claras. Os meses com maior quantidade de horas de sol vão de junho a setembro.

Muito importante, a época das chuvas é de outubro até fevereiro/março, há chuvas quase todos os dias, o que pode atrapalhar algumas trilhas maiores. Existindo o risco de ocorrência de trombas d’água, fenômeno decorrente do acúmulo de água na cabeceira do rio, provocando uma enchente repentina arrastando o que estiver em seu curso.

O  QUE FAZER?

Fizemos 64 km de trilhas, rodamos 1.000 km de carro em 7 dias pela Chapada dos Veadeiros, e não tiraria nenhum dos atrativos, só acrescentaria mais se eu tivesse mais alguns dias.

Dia 1: Complexo do Prata, 7 cachoeiras (Base Cavalcante)
Dia 2: Cachoeira Santa Bárbara, Candaru e Capivara (Base Cavalcante)Dia 3: Complexo Macaquinhos (Base Alto Paraíso)
Dia 4: Catarata dos Couros (Base Alto Paraíso)
Dia 5: Mirante da Janela e Vale da Lua (Base São Jorge)
Dia 6: Trilha dos Saltos, Cânions e Cachoeira Carioquinhas (Base São Jorge)
Dia 7: Cachoeira Cordovil e Poço Esmeralda

Mapa com todos os atrativos que fomos:


ONDE FICAR?

Ao todo são 7 pontos de apoio aos visitantes, o interessante é organizar com antecedência o que pretende visitar pois as atrações são distantes. Tentamos organizar conforme a disponibilidade das hospedagens e tentamos deixar os pontos mais visitados fora do final de semana, ficamos hospedados em Alto Paraíso, São Jorge e Cavalcante.

  • Alto Paraíso de Goiás (230km de Brasília): com mais infraestrutura, é conhecida principalmente por atrair comunidades alternativas , seitas e religiões como seguidores de Osho, o Novo Portal da Chapada (Awaken Love), o santuário espiritual do guru brasileiro Sri Prem Baba. O que levou ao crescimento nos últimos 30 anos de 700 pessoas para 7 mil, sendo metade viajantes. Há diversas lojas de artigos esotéricos, construções em formas como pirâmides e gotas, histórias de óvnis e ETs, centros de meditação.

Me hospedei no Hostel Catavento, está afastado do centro (10 minutos andando), na Estância do Paraíso mas dentro de um grande terreno, com áreas de estar bem agradáveis e café da manhã muito gostoso. No mesmo bairro está a Pousada Maya, mais charmosa da chapada e o pequeno resort Recanto Grande Paz.

No centrinho há o Tapindaré e o hostel Buddy’s, praticamente todas as lojinhas e restaurantes estão na avenida principal.

  • Vila de São Jorge (257km de Brasília): a parte mais charmosa da Chapada, possui suas ruas de areia, casas coloridas, céu estrelado, e é onde as vagas de hospedagem são mais disputadas, por facilitar o acesso para quem vai sem carro. A entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fica em São Jorge, que é um distrito de Alto Paraíso de Goiás. Anualmente, no mês de julho, é palco do Encontro de Culturas Tradicionais.

Ficamos hospedados na Pousada Luz do Sol , o café era servido num restaurante na rua do lado, mas compensava pelo tamanho do quarto e banheiro. Outra opção que tínhamos visto era a Pousada Alecrim do Campo. No caminho de São Jorge para Alto Paraíso, com opções de retiros temáticos está o Resort Paraíso dos Pândavas.

Há duas pousadas superbem-estruturadas que são a Bambu Brasil, e a Baguá, com bangalôs e área social para o visual da Chapadas.

  • Cavalcante (310km de Brasília): considero se hospedar na cidade, para apoio as atrações desta área, não precisando dirigir 1 hora até Alto Paraíso de Goáis. 70% da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros pertence ao município, mas como não tem uma portaria para os visitantes, as atrações ficam nas propriedades particulares aos arredores. O desenvolvimento da região iniciou com a descoberta das lavras de ouro, em 1737, trouxe trabalhadores para Cavalcante, que era conhecida como Minas de Goiás.

Fiquei hospedada na Pousada Manacá, com café da manhã delicioso, e quarto aconchegante, uma ótima opção. Há também a opção Vale das Araras, a 3km da vila.

Povoado do Engenho II Kalunga (337km de Brasília):  É um sítio histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, que faz parte do município de Cavalcante, em que há a maior comunidade remanescente de quilombo do Brasil, com cerca de 4.000 cidadãos, que atualmente trabalham com o turismo, com hospedagem, restaurantes e guias. É onde fica a cachoeira Santa Bárbara, Candaru e Capivara.

ONDE COMER?

Após dias de muita trilha, nada melhor do que fazer uma boa refeição. Sempre gosto de experimentar os sabores locais. Em Goiás, além de experimentarmos alguns sucos com as frutas do cerrado. Acreditam que estas frutas podem ajudar com as doenças crônicas, há uma pesquisa de doutorado da UnB que mostra como estes frutos possuem 170% a mais capacidade antioxidante e teor de bioativos comparados a uma maçã, alimento mais comum nas mesas dos brasileiros.

Em Cavalcante, fomos na cervejaria Arauê, experimentar a cerveja de baru, produzida por um casal de chilenos que mora na Chapada. A noite uma boa pedida é ir na Creperia Pouso da Folia (R$12) ou experimentar a melhor pizza da chapada no Encanto da Pizza.

Recomendo a experiência de comer no povoado Kalunga, experimentar a comida caseira, e do lado do CAT (Centro de Atendimento ao Turista) há venda de produtos, comprei e recomendo: gengibre com laranja secos, cocada, castanha de baru, pé de moleque de gergelim e frutas secas. Após o passeio almoçamos no Restaurante da Januária, comida no fogão à lenha, quando fomos havia: salada, abóbora, aipim frito, peixe frito, gueroba (palmito da região), galinha ensopada, carne de panela, arroz, feijão, paçoca de carne (parece uma farofa) e mais algumas coisas. De sobremesa pedimos um geladinho de coco.

Alto Paraíso de Goiás o Pastel de Frango com Pequi (R$6) da Vendinha estava uma delícia, já a macarronada ao funghi  do La Vita e Bella estava com a massa cozida demais e o da minha amiga veio sem sal, após uma hora e meia de espera.

Em São Jorge estão os principais restaurantes da chapada, com destaque ao Santo Cerrado Risoteria! Pedi o sertão zen, com picadinho de filé mignon e farofa de baru, estava muito bom! A pizza da Lua de São Jorge também merece um destaque, ainda mais acompanhada pelo drink Chapadinha (caldo de cana, vodka, gengibre e limão). O hambúrguer Brutus da Luar com Pimenta vai bem para aqueles dias com muita fome, bem servido e gostoso. Só o Rancho do Waldemiro que deixou a desejar em São Jorge, experimentamos a carne de lata e nem conseguimos finalizar a porção.

DICAS:

Mala: Protetor solar, repelente, tênis, roupas para banho, casaco (a noite no inverno fez 12oC), mochila, boné ou chapéu e sua máquina fotográfica. Leve algum dinheiro em espécie (as entradas dos atrativos são pagas, só aceitam dinheiro vivo).

Não esquecer de levar água e um pequeno lanche para as trilhas, em algumas delas não existe bar /lanchonete de apoio.

Muito importante: não esquecer de tomar vacina contra febre amarela, com no mínimo dez dias de antecedência da viagem. A vacina oferece dez anos de imunização. Qualquer posto de saúde oferece a vacina gratuitamente.


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