O que fazer em Rancho Queimado

Você irá se surpreender já no caminho, com a paisagem bucólica, passando por riachos e flores às margens da estrada. A pequena cidade, com 3 mil habitantes, encanta com a identidade própria, resultado da fusão da cultura dos imigrantes alemães e os tropeiros, presente na arquitetura, festas, gastronomia, jardins bem cuidados, vestir e cortinas de crochê.

O turismo está se desenvolvendo há poucas décadas, e você irá se encantar por esse charmoso destino ainda pouco divulgado. Rancho Queimado, tem a economia baseada na agropecuária, destacando para produção de Mel e Morango, e nos últimos anos a produção agroecológica e orgânica tem se desenvolvido e atraído a atenção dos visitantes.

ONDE FICA

Apenas a 70 km de Florianópolis, com o clima da Serra Catarinense, é um dos primeiros municípios na duplicada rodovia BR-282, que faz ligação entre Florianópolis e Lages, tendo início em Santo Amaro da Imperatriz, a partir da BR-101.

O QUE FAZER

Taquaras

Há menos de 10 km do centro de Rancho Queimado, no distrito de Taquaras é onde estão localizados os principais patrimônios históricos da cidade, inseridos na bela paisagem rural.

MUSEU CASA DE CAMPO DO GOVERNADOR HERCÍLIO LUZ

A proximidade com a capital catarinense, em 1911, atraiu a atenção do então governador do estado, Hercílio Pedro da Luz (responsável pela construção da icônica ponte de Florianópolis), adquirindo uma residência com características germânicas para lazer e repouso, em função do clima e altitude amenos na região.  A antiga casa, abriga o museu com histórico do engenheiro e governador, documentos, mobiliário, roupas e objetos que também remontam à colonização alemã na região.

Atualmente existem muitos condomínios com casas de campo de final de semana de moradores da Grande Florianópolis em Rancho Queimado, que remetem aos tempos em que o ex-governador buscava a tranquilidade do campo próxima a capital.

Museu Casa de Campo do Governador Hercílio Luz
Custo: Gratuito.
Funciona de Terça a sexta, 13 as 18h; Sábado e domingo, 10h as 17h.
Endereço: Rua Paulo Sell, 428, Taquaras.
Telefone: (48) 3275-1453.

A JARDINEIRA

Desde o pórtico do sítio até o estacionamento, você irá se encantar com cada detalhe, nas poesias de Cecília Meireles, flores, decorações e animais. O espaço recebeu o nome “A Jardineira”, por ser a forma como a população reconhecia a proprietária Maria Helena Teixeira Diniz, que costumava ir nas casas da vizinhança pedir algumas flores para o seu jardim.

É importante destacar a importância da proprietária na história da cidade, já que em 1991, reuniu um grupo de mulheres e membros da Associação Comunitária com intuito de combater o êxodo rural da época, provocado pelas constantes perdas nas plantações de cebola e tomate, e incentivou o plantio do morango, como alternativa para reverter a situação dos colonos que procuravam qualidade de vida na capital. A criação da primeira Festa do Morango, também teve o intuito de fomento de valorização histórica e cultural na comunidade, o que rendeu anos depois o título de Capital Catarinense do Morango. Aliás, esse é um dos exemplos do empoderamento feminino na cidade, vale a pena também conferir a história da alemã Emma Kirchhof Hatzky, que tem parte da sua vida traduzida por sua filha no livro “Uma mulher do século passado”, contando sua participação na história de Rancho Queimado.

A Casa da Memória Rural

Construída para contar a história de um jovem casal imaginário, cada detalhe foi minimamente pensado. Uma esposa costureira católica estaria grávida, vivendo nesta casa com seu marido luterano e marceneiro, no início de século XX, com uma filha pequena. Uma família que caracteriza os primeiros imigrantes da cidade, remonta o passado de Rancho Queimado, diferenciando-se de muitos museus que já visitei, pois a ambientação dá a “alma” para a casa.

A religião luterana está representada nos quadros da sala, enquanto a católica no quarto do casal. A cozinha tinha todos os utensílios a mostra, com as panelas de alumínio impecavelmente areadas. Na despensa alguns vidros de Sadol, Água Inglesa Fontoura, os utensílios para produção de queijo, esterilização dos vidros de conserva entre outros.

Nos quartos dos pais, um berço e uma mala com enxoval demonstram a espera pelo filho. O dormitório da menina com arara, em que podia se observar os vestidos feitos pela mãe dedicada e os brinquedos mostram os costumes da época.

Fizemos um passeio rápido na propriedade, mas recomendo passar o dia, fiquei com muita vontade de levar minhas sobrinhas para conhecer e conferir a Casa do Papai Noel e a Casa de Boneca, também na propriedade.

A Jardineira
Funciona com agendamento por telefone.
Endereço: Estrada entre o Distrito de Taquaras e o Centro.
Telefone: (48) 99991-5000.

CASCATA TRISÃMYA

Nas margens da estrada que leva ao distrito de Taquaras, é a cascata mais famosa da cidade. Com fácil acesso, de destaca pela paisagem em que está inserida.

Custo: Gratuito.
Endereço: Estrada entre o Distrito de Taquaras e o Centro.

POSTO DE COMBUSTÍVEIS DE TEÓFILO SCHÜTZ

Dificilmente alguém passará em frente a este posto de combustíveis dos anos 1950 sem parar para observar. Como em frente acreditavam que passaria a BR-282, foi inaugurado o mais moderno posto da época, na região, com bandeira da Texaco. Passavam muitos caminhões carregados de madeira por esse trajeto na época, alguns caminhoneiros dormiam no hotel ao lado.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo) já solicitou algumas modificações, para se adequar as novas normas, como troca de bombas e tanques de armazenamento, mas outras tem sido prorrogadas, como a cobertura, pois descaracterizariam o posto. Em frente ao posto está a praça Teófilo Schütz.

MONUMENTO AO TROPEIRO

No alto do morro de Navalhas, a homenagem aos tropeiros que levavam gado entre Desterro (Florianópolis) e Lages. Foi o primeiro monumento do país que valorizou estes aventureiros, construído com o dinheiro arrecadado na primeira Festa do Morango de Rancho Queimado.

O tropeirismo é tão marcado na região, que você verá as tradições presentes até hoje, como as festas anuais Festa do Tropeiro e Rodeio Crioulo. Aliás, o próprio nome Rancho Queimado, surgiu da época dos tropeiros, quando um velho rancho onde os tropeiros passavam suas noites, descansando, por descuido dalgum tropeiro queimou e a região ficou referenciada por esse acontecimento.

FEIRA NA PRAÇA COBERTA (Praça Leonardo Sell)

No centro da cidade, é onde encontramos produtos artesanais e coloniais. O que mais me chamou atenção foram os produtos orgânicos e agroecológicos, como é bonito ver a presença destes produtos em quase todos os expositores. Você poderá encontrar chás, geleias, pães, balas, cosméticos, entre outros. Ao lado da praça o comércio Tafona vende alguns destes produtos.

Como artesanato destaco alguns objetos em madeira e as Facas KM 100, que são uma obra de arte. O ferreiro Valdevino Weiss, transforma o aço bruto de discos de arado em peças maravilhosas, tradição passada por gerações de cuteleiros, em que mistura com alguns materiais como madeiras, ossos, que atraem colecionadores do mundo todo.

O QUE COMER

No município há das opções mais sofisticadas as mais tradicionais e diversos cafés coloniais. Algumas opções funcionam nos finais de semana e fecham no verão, vale a pena conferir antes, como o caso do Restaurante Jardim dos Plátanos e Restaurante Costa da Serra.

PUREZA

Não deixe de experimentar o refrigerante Pureza, uma das bebidas mais típicas de Santa Catarina. A fábrica está ao lado do portal da cidade, e foi criada após pedido das mulheres que queriam uma bebida menos amarga que a cerveja até então produzida pela antiga Cervejaria Alfredo Sell, gerando então o antes conhecido “cerveja doce”, batizado em 1926, como Pureza, com sabor guaraná.

DOCE RANCHO (Chocolate Artesanal)

Logo na entrada da cidade, a fábrica de chocolate artesanal Doce Rancho atende os turistas, livre de gordura hidrogenada, com receitas que utilizam produtos da região.

RESTAURANTE GALPÃO TROPEIRO

Um dos restaurantes mais visitados pelos turistas da região, está em frente o pavilhão da Festa do Morango. Com pratos típicos que misturam os sabores da culinária alemã e da Serra Catarinense. Além do ambiente rústico, com canecas de chope, objetos antigos da família e um fogão de chão.

A comida é servida em panelas de ferro sobre um fogão a lenha, há um buffet de saladas, mas a recomendação é iniciar com o entrevero (pinhão, brócolis, cenoura, couve flor, linguiça, carne suína e bovina). Seguir com os pratos: carreteiro (arroz com carnes), paçoca de pinhão (pinhão com carne), quirera de porco, matambre, galinha de panela, aipim, batata doce, feijão tropeiro e quibebe (abóbora). O meu prato preferido foi a paçoca de pinhão e no caixa havia para venda o biscoito araruta de coco, que estava uma delícia!

ONDE SE HOSPEDAR

Pousadas e hotéis fazenda atendem todos os gostos. Como pousadas  há a Estação Natureza na Estrada Geral do Morro Chato, com chalés com capacidade de até 16 pessoas, com piscina, campo de futebol e espaço para confraternização. Contato (48) 3275-0191 e WhastApp (48) 99912-7349.

A Pousada Cabanha Bauer, com cavalgada, áreas com produtos orgânicos e ordenhas de vacas. Contato (48) 3275 0104).

Já a Pousada e Restaurante Pinheral, com cabanas privativas para até 5 pessoas, também  possui passeios a cavalo e trilhas ecológicas. Contato (48) 3275-1212.

Hotel Fazenda Águas Claras com piscina coberta térmica, passeios a cavalo, trilhas, jogos e pescaria.

QUANDO IR

Com verões agradavelmente amenos e um clima convidativo para os dias de inverno, é um destino para se visitar durante o ano todo.

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Agradecimento especial ao meu amigo e colega de mestrado Jonei Bauer, do Portal do Rancho e do Via Rancho, que nasceu em Rancho Queimado e me apresentou a cidade de forma única.

Confira as dicas no mapa abaixo.