Arquitetura Patagônica : industrialização x sutileza


Ao entrar no vasto território patagônico, entre a paisagem cênica da natureza bruta, percebem-se dispersas residências e grandes galpões. Essas edificações utilizam chapas metálicas onduladas com madeira ou folhas de zinco como revestimento de proteção das agressões do vento, umidade, chuva e neve.

A utilização desses materiais são resultado da contribuição da industrialização no processo de territorialização, remetendo há uma época, em que o inglês era a língua dominante e esterlina a moeda usada. Com interesse britânico de aumentar a produção de lã na revolução industrial, vastas áreas foram ocupadas com fazendas de ovelhas na Patagônia Chilena, Argentina e Oceania. Para povoar essas áreas, importou-se a arquitetura pré-fabricada, praticas por serem desmontáveis e portáteis.

Além da importação de técnicas construtivas, também trouxeram modelos de arquitetura prontos, fornecidos por editoras e catálogos. Trazendo padrões com tetos inclinados – para não armazenar neve, ornamentos neogóticos nos beirais, frisos neoclássicos nas janelas e uso de varanda.

Também vieram inspirações artesanais da La Belle Époque europeia, não apenas a industrialização. Em especial Punta Arenas no lado Chileno e Rio Gallegos no lado Argentino, antigos centros comerciais e financeiros do extremo sul do continente, até a abertura do Canal de Panamá, em 1914. Atualmente possuem um dos patrimônios mais concentrados e conservados da Patagônia, vimos os líderes do progresso nas praças, grandes edifícios representativos e quadras 100x100m.

Atualmente a arquitetura patagônica, busca a sutileza no meio da natureza bruta. Alterando o mínimo possível a passagem do entorno, utilizando técnicas e materiais locais.

Os corpos das edificações formam um pátio interior central protegido do vento, que remete ao cotidiano dessa terra, onde a vida realmente acontece na Patagônia, nos ambientes quentes, por causa do frio e vento, ou ambos. Esse espaço vazio em que as edificações estão situadas, também lembram muitas vezes ao deserto da Patagônia, o enorme sentimento de vazio em grandes planícies cobertas por gramíneas naturais.

As madeiras utilizadas nessas construções são grandes pedaços de natureza morta nativa, trabalhadas artesanalmente pela população local. Exploram a simplicidade em seu máximo requinte. Com volumes que não interferem a paisagem e que sempre buscam emoldurar as paisagens da Patagônia, para que as pessoas consigam se desligarem do mundo contemporâneo.


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